Relatório do Debate Células Tronco

Debate: Células tronco
Debatedores: Prof. Dr. José Eduardo Kieger
 Pe. Júlio Munaro

O debate Células Tronco, terceiro tema proposto pela disciplina “Debates atuais em Ciências Biomédicas” (BMB5805) do Programa de Pós-graduação em Fisiologia Humana, foi realizada dia 10 de Maio as 17 horas no anfiteatro rosa do Edifício de Ciências Biomédicas IV da Universidade de São Paulo.
Os debatedores foram: Prof. Dr. José Eduardo Krieger (Professor Associado do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina/USP e Responsável pelo Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular do InCor) e Padre Júlio Munaro (Coordenador da Pastoral da Saúde da Mitra Arquidiocesana de São Paulo e Professor de Bioética).
O professor doutor Krieger iniciou o debate expondo suas idéias. Em primeiro momento expôs sobre os avanços tecnológicos na medicina atual, sobre a qual a sociedade não está preparada e informada. O modelo atual de saúde visa o tratamento de doenças crônicos degenerativas, o que provoca o gasto de 2/3 do dinheiro destinado à saúde, sendo um modelo caro e sem muitos resultados. Visando alterar esse quadro, a medicina atual tem investido em conhecimentos do genoma e tecnologias que atuam na prevenção destas doenças. Uma dessas tecnologias atuais é o uso de células pluripotentes denominadas células tronco. Encontrou-se na medula óssea células deste tipo, que podem originar alguns tecidos como o tecido mesenquimal. No tecido adiposo e fibroblasto cardíaco também possuem células deste tipo. Mas em todos esses tecidos há pouco conhecimento a respeito destas células. As células tronco embrionárias podem originar qualquer tipo celular, sendo o “coringa universal”. Acredita-se que devidamente estudadas, além de serem úteis em possíveis tratamentos, elas proporcionarão um conhecimento sobre a diferenciação das células. Para finalizar seu discurso ele comparou o debate atual sobre a liberação da pesquisa de células tronco com a questão ética vivida no passado em relação aos transplantes de órgãos, no qual era mal visto por parte da população, notando-se que hoje é essencial para a manutenção da vida.
O Padre Júlio Munaro começou seu discurso falando sobre a interdependência das vidas, no qual o ser humano não é uma ilha e que a predominância de uma espécie pode provocar desequilíbrio na natureza. Relatou que não temos o controle das células pluripotentes e que o ser humano possui um domínio relativo das coisas. Até mesmo porque a natureza não possui um estoque de falhas, conforme o homem acha cura para um problema a natureza cria novos, mostrando que as células troncos embrionárias não serão a cura de todas as doenças. Ele relatou que o homem não possui conhecimentos suficientes sobre as células troncos, sendo que esse conhecimento poderia ser esclarecido primeiramente pela experimentação animal. Outra questão levantada por ele retrata a dificuldade de definir o início da vida embrionária, onde colocou que tanto a igreja católica quanto a ciência não possuem uma posição definida, abrindo precedente para o desrespeito a vida. Finalizando, ele disse que a igreja católica respeita a possibilidade da vida independente de quando ela começa e que devemos ver a vida além da biologia.
 
 
 
 
 

ANA BARBARA TEIXEIRA ALVES, aluna do Programa de Pós-Graduação Fisiologia Humana do ICB/USP
DANIELA TOMIE FURUYA, aluna do Programa de Pós-Graduação Fisiologia Humana do ICB/USP
GUILHERME ALVES DE LIMA, aluno do Programa de Pós-Graduação Fisiologia Humana do ICB/USP
PAULO ALEXANDRE DE CARVALHO MORAES, aluno do Programa de Pós-Graduação Fisiologia Humana do ICB/USP