Relatório do debate sobre Pesquisa X Docência na Sala de Aula



RELATÓRIO DISCIPLINA DEBATES ATUAIS EM CIÊNCIAS BIOMÉDICAS

 

TEMA: PESQUISA X DOCÊNCIA NA SALA DE AULA

 


 

No dia 18 de abril de 2006 foi realizado o debate intitulado Pesquisa x Docência na Sala de Aula, tendo como debatedores convidados os Professores Hugo Aguirre Armelin, professor titular do Departamento de Bioquímica – IQ-USP, Bayardo Baptista Torres, professor do Departamento de Bioquímica – IQ-USP e Luiz Roberto Giorgetti Britto, professor titular do Departamento de Fisiologia e Biofísica do ICB-USP.

Inicialmente cada um dos debatedores expôs suas idéias a respeito do tema. O primeiro a realizar a exposição foi o Prof. Hugo Armelin. O debatedor defendeu a idéia de que a dicotomia ensino e pesquisa representa um falso dilema. A USP tem uma liderança em pesquisa na América Latina e deve estar empenhada em tornar-se uma universidade de classe mundial. Para tanto, deve investir em um corpo docente formado por professores eruditos e pesquisadores de classe mundial, o que seria incompatível com uma separação de carreiras entre pesquisa e docência.

O Prof Bayardo concordou que o ensino e a pesquisa são atividades diretamente ligadas e assinalou que a realização das atividades de ensino, pesquisa e extensão devem estar centradas nos departamentos. Assim, cada professor não estaria individualmente obrigado a exercer as três atividades igualmente, cabendo ao departamento direcionar a divisão das mesmas de forma a manter a qualidade em todas as áreas.

O Prof. Britto destacou que ao contrário da atividade de pesquisa, o ensino não é realizado de forma profissional, embora as duas funções sejam igualmente relevantes. A partir de 1989 houve uma modificação no Estatuto da USP, passando a priorizar a atividade de pesquisa. Em conseqüência disso, houve um aumento da produção científica de forma concomitante a uma perda da qualidade do profissional formado. Ele sugeriu como alternativa a contratação de indivíduos dedicados exclusivamente ao ensino ou à pesquisa. Com isto, haveria professores com alta qualidade didática e cuja atividade disponibilizaria mais tempo para que os demais professores se dedicassem a sua área de preferência. Ele comparou este modelo com o adotado por algumas universidades americanas, nas quais freqüentemente os pesquisadores apenas fazem intervenções pontuais na sala de aula.

Todos os professores concordaram que um grande problema é a falta de critérios bem estabelecidos para a avaliação da atividade docente, em comparação com a atividade de pesquisa, que apresenta critérios internacionalmente consolidados. Para tanto, além da avaliação realizada pelos alunos, deveria haver uma avaliação intradepartamental sistemática da atividade de docência. Outra questão levantada pelo Prof Britto foi o peso diferencial dado à produção científica e à qualidade didática no momento da contratação de um professor, geralmente com uma priorização da primeira.

Houve uma discordância dos professores Hugo Armelin e Bayardo em relação à proposta do Prof Britto de contratação em separado de docentes e pesquisadores. O Prof Hugo Armelin afirmou que há pesquisadores de classe mundial em universidades do primeiro mundo que se dedicam à docência e ressaltou a existência de uma forte correlação positiva entre um bom pesquisador e um bom professor. O Prof Britto concordou com esta afirmação, porém demonstrou ter uma grande preocupação com aqueles que não exercem ambas as atividades de forma eficiente. Ressaltou, ainda, a perda da qualidade dos profissionais formados atualmente e a urgente necessidade de se recuperar esta qualidade.

Diante desta questão da formação profissional, o Prof Bayardo sugeriu que a principal reformulação deveria ser na forma como o conhecimento é transmitido ao aluno, com a estruturação de cursos, com objetivos bem definidos, adequadamente supervisionados pelo departamento e submetidos a uma avaliação continuada. Proposta esta, com a qual os demais debatedores concordaram.

 

Conclusões: Embora as atividades de ensino e pesquisa sejam igualmente importantes, nem sempre são exercidas de forma igualmente eficiente e eqüitativamente distribuída por todos os profissionais. Uma sugestão aceita pelos três debatedores foi que a distribuição destas atividades deveria ser gerenciada pelo departamento de acordo com sua necessidade e vocação dos profissionais, visando à manutenção de uma boa qualidade no ensino e na pesquisa. Da mesma forma, a estruturação de cursos e uma avaliação sistemática do ensino também devem ser atribuições dos departamentos. Para tanto, é necessária a presença de líderes intelectuais em todas as esferas da universidade e que seja desenvolvido um modelo eficaz de avaliação do ensino.

A proposta de uma separação na contratação de docentes e pesquisadores seria uma outra opção na tentativa de recuperar a qualidade do profissional formado, defendida inicialmente pelo Prof. Britto. 

 

 

 

Alunos:

Clarissa Bueno

Gabriella Duarte Queiroz Rego

Jarlei Fiamoncini

Marco Aurélio Ramirez Vinolo

Rodrigo Tambelli