BMB-5805 Debates Atuais em Ciências
Biomédicas
Ética em
Experimentação Animal e Humana
28 de Março de 2006
Comissão Organizadora
Anderson Carlos
Marçal
Anna Maria Buehler
Camilo de Lellis Santos
Maria Fernanda Rodrigues
Graciano
Mauro Leonelli
Rodrigo Crespo Mosca
No dia 28 de Março de 2006 a
disciplina BMB-5805 –
Debates atuais em Ciências Biomédicas – discutiu o tema
“Ética em pesquisa
Animal e Humana”. Para abordar tal assunto foram convidados a compor a
mesa de
debates o Prof. Whotan Tavares de Lima, Vice-Coordenador da
Comissão de ética
em experimentação animal do Instituto de Ciências
Biomédicas da USP; o Prof.
Luiz Vicente Rizzo, Presidente da Comissão de ética em
pesquisa com seres
humanos do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, e o
Deputado Estadual do
Estado de São Paulo José Ricardo de Alvarenga
Trípoli, autor da Lei 11.977 de
25 de Agosto de 2005 que institui o Código Estadual de
Proteção Animal. Como o
Deputado não pode comparecer ao debate, a sua assessora
Dra. Viviane Benini Cabral, advogada sanitarista ambiental,
representou-o
durante o evento.
A importância acadêmica deste tema
pode ser observada pela presença de professores de todos os
departamentos do
Instituto de Ciências Biomédicas da USP, de diversos
professores de outras
instituições como a Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia, da Faculdade
de Ciências Farmacêuticas e do Instituto de
Biociências da USP, bem como de
representantes de entidades de Proteção Animal.
Nesse debate foi discutida a importância do modelo animal para a experimentação científica, destacando-se a necessidade de otimização da utilização animal, ou seja, o reducionismo sem a perda da eficácia na evolução das pesquisas e do conhecimento científico. A escolha do modelo animal foi outra questão abordada, já que deve ser levada em conta a viabilidade da extrapolação dos parâmetros científicos das espécies onde foram realizados os estudos e as beneficiárias diretas dos mesmos. Todavia foi exaltada a função do modelo animal como um mapa do sistema biológico ao qual a pesquisa objetiva, fornecendo grande direcionamento ao estudo científico.
Neste contexto, foi ressaltado que
as Comissões de Ética no Uso de Animais (CEUAs) têm
a responsabilidade de
normatizar a utilização do modelo animal conforme os
parâmetros previstos na
vigente legislação. Segundo esta, aprovada em 2005, as
CEUAs devem julgar a
viabilidade e a compatibilidade dos procedimentos experimentais em
animais com
as normas estabelecidas, restringir ou até mesmo proibir a
execução de
experimentos que produzam elevado grau de agressão ao animal,
bem como
fiscalizar o andamento das pesquisas e projetos em
execução. Sob tal ponto de
vista, foi questionado o difícil trabalho em se traçar
parâmetros que indiquem
o grau de agressão e sofrimento a que o animal pode ser
submetido, já que não
somos capazes de predizer, entre outros aspectos, a intensidade de dor
ou
estresse a que um animal pode ser submetido no caso dos estudos que
avaliam as
respostas ao estresse, aos estímulos dolorosos diretos e
indiretos.
Outro aspecto abordado foi a
utilização e viabilidade
de modelos experimentais alternativos ao modelo animal para a
aplicação tanto
em ensino quanto em pesquisas científicas. Esta é uma
área em crescimento, já
que cada vez mais vem sendo reivindicada pelos alunos a
substituição do modelo
animal por outros tão bem utilizáveis e didáticos.
Mas, sob outro aspecto, é
importante julgar em quais situações tais modelos
alternativos podem realmente
substituir o animal, representando-se tão elucidativos e
representativos quanto
àquele. A própria otimização do uso animal
constitui-se importante forma
alternativa ao uso exacerbado e descontrolado de animais experimentais.
Para
tal intuito, nas instituições de ensino e pesquisa,
torna-se necessária uma
maior integração entre as comissões de
ética e as demais, como as comissões de
graduação e de pós-graduação, para
uma melhor formulação da grade curricular,
programação de aulas práticas e melhor
interação entre o ensino e pesquisa.
Finalmente, foi também destacada a
enorme importância do uso de animais em pesquisas cujo
beneficiário primordial
é o ser humano. Foi exemplificado o uso de animais para a
obtenção de
anticorpos monoclonais utilizados em tratamentos, bem como em testes de
novos
fármacos. Concluiu-se que o uso de animais ainda é
indispensável, visto não
haver novos métodos que substituam completamente os animais como
modelos do
sistema biológico humano para estes fins. Porém, fica
claro que a pesquisa
científica básica possui papel essencial ao fornecer
subsídios às inferências
realizadas com base em animais, além de que o conhecimento
gerado pode ser base
de novos métodos de maior eficiência e confiabilidade, o
que pode diminuir ou
inclusive dispensar a utilização de animais para estes
fins e outros semelhantes.