Relatório do debate sobre Transgênicos




Relatório do debate sobre Transgênicos

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A Titulo da Palestra: Transgênicos

Palestrantes: Prof. Dr. João Bosco Pesquero
      Prof. Dr. Herman Chaimovich
 
A palestra “Transgênicos”, tema proposto pela disciplina “Debates atuais em Ciências Biomédicas” (BMB5805) do Programa de Pós-graduação em Fisiologia Humana, foi realizada no dia 14 de junho de 2005 às 17 horas no anfiteatro rosa do Edifício de Ciências Biomédicas IV da Universidade de São Paulo.    
                                                                                                                                                                                                                  
Prof. Dr. João Bosco Pesquero
Professor Associado pelo Departamento de Biofísica da UNIFESP-EPM,
Diretor Científico do Centro de Desenvolvimento de Modelos Experimentais
para Medicina e Biologia (CEDEME) da UNIFESP-EPM,
Coordenador do Laboratório de Animais Transgênicos do CEDEME

Prof. Dr. Herman Chaimovich
Prof. Titular do IQ
Diretor do IQ
Linha de Pesquisa: Sistemas Biomiméticos                                                                                                  
Diretor da Academia Brasileira de Ciências
Membro do Comitê Executivo do International Council for Science (ICSU)
Presidente da Rede Interamericana de Academias de Ciências

    O Professor João Bosco Pesquero iniciou o debate expondo um breve histórico sobre criação de animais transgênicos que teve início em 1974 por com  Mintz B. e Jaenisch R. Em 1977 surgiu o  Retrovírus M. MULU .Em 1980 ocorreu a primeira microinjeção de DNA viral em embriões (Gordon, D.W.) E em 1982 foi obtido o primeiro camundongo transgênico (Polmiter R.D.). E discorreu sua apresentação sobre animais transgênicos.
    Animal transgênico é o animal cujo genoma foi artificialmente manipulado pela introdução, modificação ou inativação de um gene, alterando todas as células do organismo, inclusive as germinativas; de tal forma que a modificação genética é passada aos descendentes.
    Com o passar dos anos e o avanço da ciência, ocorreram mudanças: no passado havia mutantes espontâneos. O fenótipo poderia ser modelo de patologia. A linhagem era selecionada. Hoje temos “mutantes sob encomenda” devido ao advento da engenharia genética, é possível a criação de um modelo animal que se adeque ao estudo que o pesquisador queira realizar.
    Atualmente existem de 3000 a 4000 modelos de animais transgênicos com patologias humanas.O primeiro camundongo brasileiro transgênico foi chamado de Vitor.
    Há vários métodos para produção de animais transgênicos, entre eles: inserção randômica – onde o DNA é inserido aleatoriamente no  genoma. Inserção dirigida – inserção precisa do DNA em uma região pré determinada. Neste processo é possível o controle de onde o gene será inserido. Isto só é possível porque se faz mutações nas células tronco previamente a inserção.
    Entre os métodos para gerar animais geneticamente modificados estão:
    Trangênicos por adição :
          * Microinjeção pronuclear
          * Transferência retroviral
          * Transferência de espermatozóides 
          * Microinjeção de CTES)
    Neste processo é inserido um gene dentro do genoma do animal , porém a inserção é aleatória. O genoma do animal pode ser alterado imprevisivelmente.
    O transgene é colocado dentro do núcleo.
•    Knoch outs e Knockins : Alteração genética dirigida. Mutações nas células tronco:
              * Microinjeção de CIEs ;
              * Agregação de CTEs;
•    IRNA
•    Clones Transgênicos : Transferência do núcleo de células somáticas

    Algumas aplicações dos animais transgênicos: animais bioreatores, pesquisa básica, xenotransplantação (Transplantes de orgãos entre as espécies. Muitas pessoas aguardam por transplantes), medicina (compreensão de mecanismos fisiológicos e patológicos, permite o estudo de mecanismos mais complexos, estudo de progressão das doenças, desenvolvimento de novas terapias e drogas), redução de animais de laboratório, melhoramento genético.
    Questões para refletir: validade dos modelos animais, biossegurança, patenteamento de agentes geneticamente modificados, podemos patentear vida?, bioética.

    O Prof. Hernan Chiamovich deu continuidade ao debate focando as plantas transgênicas. Iniciou sua apresentação falando sobre aspectos conceituais como: biossegurança (Proteção ambiental e a Saúde Humana e Animal), pesquisa (Básica e Aplicada), inoqüidade (Proteção e Segurança de Produtos para uso humano).
    “Há uma grande diversidade na sociedade, ela está dividida quanto aos riscos e benefícios dos transgênicos. É preciso que a comunidade científica esteja consciente de que há riscos e benefícios e haja um consenso entre cientistas e sociedade.”
    Na agricultura na década de 60/80 não havia resistência aos transgênicos.
    Os esforços para a pesquisa devem vir do setor público.
    Não é possível avaliar os efeitos no meio ambiente a “risco zero”, sejam eles positivos ou negativos. Por isso sistemas reguladores de saúde devem ser implantadas para identificar e monitorar qualquer efeito.
    No International Council for Science - ICSU, Junho de 2003  New Genetics, Food and Agriculture: Live Key question on GM Foods/ GMCs foram levantadas algumas questões a respeito dos trangênicos:
•    Quem precisa ?
“ É possível que o uso dos trangênicos venha contribuir para diminuir a fome no mundo? ”
•    São seguros ?
“Os alimentos trangênicos são consumidos por mais de 10 anos sem possíveis efeitos; porém o monitoramento pós venda é complicado devido aos hábitos alimentares das pessoas serem diferentes”
•    Existem  leis adequadas para regulamentar o uso ?
•    Vão afetar o comércio ?
•    Qual o efeito sobre o ambiente ?
•    Há efeitos ecológicos a longo prazo?
•    Quais são as perspectivas futuras?

    “A ética e os valores afetam as decisões. A ciência pode e deve informar mas não decidir, deve permitir que os indivíduos tomem suas próprias decisões.”




    Foi também discutido durante o debate questões como:
•    Patenteamento de seres vivos
-Pesqueiro : “EUA permite o patenteamento da função e de animais, Já na comunidade européia ainda está em discussão. O patenteamento incentiva a competitividade e a busca por novas áreas entre a comunidade científica, porém por outro lado impede novas pesquisas na mesma área”
-Hernan : “É necessário que saibamos o que é ou não ético”.

•    Soja Trangênica
-Hernan : “O problema da soja no Brasil, não está ligado a trangênia, mas principalmente a grande quantidade de solo que é destruído com o plantio da soja em todo o Brasil, não é exclusivamente da trangênica”   


Alunos do Programa de Pós-Graduação Fisiologia Humana do ICB/USP  responsáveis pela organização do presente debate:

GEISA CRISTINA OST EBURNEO DO BOMFIM,                                                                      
MARTA VERÔNICA MARIÚBA DE OLIVEIRA,                                                                         
NELSON TOSHIYUKI MIYAMOTO,
RITA ADRIANA SOUZA DA SILVA.